A Simplicidade da Vida

A vida é simples... basta vivê-la. E como a complicamos tanto.
Houve um tempo que ''tempo'' era um palavra complicada para ser administrada na minha cabeça. Acordava com celular tocando, atrasada muitas das vezes, tantas e tantas coisas para resolver que não parava pra tomar café da manhã direito. Corria para administrar tudo, resolver tudo, dar a atenção a todos, e ao final do dia já exausta pensava não tenho tempo, não posso perder tempo com coisas simples e pequenas, a corrida pelo sucesso e conquista profissional ocupava toda minha vida, porque não dizer, a corrida pela sobrevivência em um mundo de aparências e desilusão. Sim o tempo era meu inimigo e também meu esconderijo. Meu bode expiatório. Recordo-me que um dia ouvi alguém comentar ter ficado horas observando uma tartaruga andar na areia. Achei uma total tolice e perda de tempo. E a vida seguia seu curso, eu me acabando brigando contra o tempo e ao mesmo tempo achando estar ocupando meu tempo com coisas nobres que faziam minha vida valer a pena. Mal via que estava morrendo e a verdadeira  essência da vida sendo sufocada, já nem ouvia mais a  sua voz. Quando mal conseguia respirar, me dava ao luxo de fugir e sentar a beira mar, ficando  minutos observando as ondas,  indo e vindo, molhando meus pés algumas vezes, e ali me perdia naquela imensidão azul. Meu castelo de areia permanecia intacto, e lá na torre como a Rapunzel estava eu presa, sem saber a saída, sentindo a vida fugindo do meu controle. Eram momentos bons e únicos, me acalmavam. Lembrava que foi Deus o soberano que deu limites as ondas,  ele se preocupou com esse detalhe, por certo não esqueceria de mim, de acalmar a maré  e não deixaria o meu barquinho já frágil e tão solitário, tombar na imensidão do mar da vida. Sentia falta de um abraço, um carinho, de uma palavra de incentivo, Menos cobrança  e mais compreensão, se isso fosse possível no meu habitat. Um dia o mar se agitou e altas ondas bateram em meu barquinho, porque não dizer em meu castelo de areia... Sim, uma onda bravia bateu e destruiu o que levei tanto tempo para construir, vi diante dos meus olhos as paredes se demolindo e o barulho foi estrondoso. Nesse momento lembrei que Jeremias disse que Deus deu limite as ondas, e isso me confortou, pois se a onda bravia derrubou meu castelo, por certo recebeu ordem do criador do universo para que assim acontecesse. Quando olhei e vi os cacos que sobraram, as ruínas de uma vida, tantas convicções, tanto empenho, tanta corrida e por nada. Tudo ruiu e desabou, e só restaram os cacos. Recordei-me de Jó, pois quando ele estava no vale de cinza, ele tinha um caco de telha com o qual aliviava a dor. Deus em sua soberania mesmo que nosso olhos mortais não possa visualizar sua presença nas agruras do caminhar, Ele sempre nos dá um caco de telha, para que possamos  passar sobre as feridas e quando sangrarem , Ele possa com o consolador óleo de Gileade curar  e restaurar. Passei dias, horas olhando as ruínas, algumas lamentações eram inevitáveis. Só caco, só ruína, sonhos? Amor? Utopias!!! O que me restou? Traições, calúnias, dores e dores. Minha alma gemia, noites em claro, dores física e psicológicas. Em meio aos dilemas de um desmoronamento, a reconstrução pode demorar tempo, e custar muito caro. Um dia fui transportada ao capítulo 18 do livro do profeta Jeremias, desci até a casa do oleiro e avistei o vaso se quebrar, e como o oleiro com tanto carinho juntou os cacos, e recomeçou seu trabalho, um movimento por vez, sem pressa, e quando acabou sua obra, o vaso era muito, muito bonito, nem parecia mais o vaso que se quebrou. O oleiro da Vida sabe  como reconstruir, sabe bem onde modelar, onde apertar e como curar as feridas. Em lágrimas, me joguei aos braços do Oleiro, pude sentir o calor do seu abraço, ah!!! Quanto tempo esperava me sentir assim, cuidada, amada, estava tão cansada em ser forte, cansada de não ser seu mesma. Contei ao Oleiro que estava doendo o tombo e que, as rachaduras foram fortes, porém, por mais que doesse, queria ser reconstruída e ser um vaso lindo e precioso, qual as flores mais lindas da primavera tivessem orgulho em estar. Onde as rosas pudessem exalar o perfume suave e encantar quem passasse ao redor, e todos soubessem que esse vaso foi modelado pelo Deus dos céus e terra, A partir desse dia, renasci, como a lenda da Fênix, qual amo tanto, comecei a renascer das cinzas. Um dia por vez, um passo por dia e comecei a andar e apreciar as belezas da vida. As coisas simples que outrora achava perda de tempo. Passei a ouvir mais e falar menos, passei a consolar mais do que ser consolada, me peguei sorrindo após ouvir um simples "Bom dia!". O céu ficou mais azul toda vez que erguia os olhos para ele, as estrelas a noite, brilhavam tanto que muitas vezes me perguntei: "Onde eu estava que nunca percebi?" E as noites de luar? O Por do sol? A beleza da natureza, o cantar dos pássaros, o barulho das ondas soavam como música, me dando prazer, como se estivesse ouvindo uma sinfonia. Entendi o que Deus queria de mim, que eu vivesse!! Que entendesse que a vida é simples, e que Ele se manifesta nas coisas simples, no sorriso de um criança, no abraço de um amigo, ou simplesmente naquele pior dia, quando me sinto sozinha e esquecida, o fone toca e ouço alguém dizer:" Está tudo bem?'' Deus se importa com os meus sentimentos, com meus dilemas, sonda meu coração. Hoje, sei o significado da "Felicidade" que todos buscamos, vivo intensamente cada momento. Se é de riso, eu curto o máximo, se o momento é de lágrimas, choro até ficar com os olhos inchados. Cada momento é único e não volta mais. Cada pessoa encontrada no caminhar, pode ser a pérola que faltava no nosso tesouro particular. Cada amizade nova é brindada com louvor e o amor?? Bem, o amor, que outrora eu julgava não existir e ser pura utopia e imaginação fértil dos poetas,  é algo sublime e digno se ser cuidado com todo zelo possível quando encontrado. Aprendi que a simplicidade da vida é encantadora e fascinante.
" Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite'' Salmos 19:2

Vera Lúcia


Comentários

  1. Nossa que lindo texto. Amei!
    Deus abençoe vc!

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  2. Às vezes me pergunto como pode uma simples gota d'água conter mais átomos que o número de galáxias no universo...

    Shalom, Lúcia!

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